terça-feira, 23 de setembro de 2008

Efeitos da crise econômica no Brasil


Está ocorrendo uma controvérsia generalizada quanto ao tamanho do impacto da crise econômica no Brasil. Enquanto o presidente Lula faz previsões positivas para o País, o governador de São Paulo, José Serra, rebate com uma crítica ao governo, com um tom nada comemorativo.
Lula discorre que o Brasil dispõe de condições para “ficar tranqüilo”, se atentando aos dados da balança comercial, fatores da expansão do mercado interno e das reservas internacionais de US$ 205 bilhões. Para o presidente, tais fatores permitem ao governo se permitir uma maior abertura econômica e um menor fechamento de investimentos produtivos.
Já o governador de São Paulo, relata que “sem dúvida, haverá impacto da crise no Brasil”, segundo entrevista divulgada no Estado de S. Paulo nessa sexta-feira. Serra acredita que o País não ficará imune à crise financeira, acreditando que haverá uma contração do crédito, queda do preço de produtos de exportação e aumento da remessa de lucro das empresas multinacionais para cobrirem suas matrizes, além de um aumento de cautela na criação de novos investimentos.

De acordo com o economista Carlos Alberto Sardenberg, o Brasil sofrerá uma falta e/ou encarecimento de capitais e financiamentos para novos investimentos. Ele cita como exemplo as empresas brasileiras que já ganharam licitações da Petrobrás para a construção de navios e sondas de exploração de petróleo e que estão, neste momento, negociando financiamentos de bancos internacionais. Bancos estrangeiros suspenderam, provisoriamente, operações para financiar R$ 12 bilhões para operações que já estavam em andamento. Esse freamento de investimentos ocorre porque, no mercado internacional, a taxa de juros pela qual os bancos captam dinheiro subiu demais, pela simples razão de que há menos dinheiro disponível.
Outros exemplos relatados por Sardenberg são os acontecimentos recentes com o Risco Brasil e as operações financeira do Banco do Brasil. No primeiro caso, o índice, que havia caído para 190 pontos, subiu para perto dos 350 pontos, o que significa que as empresas brasileiras, ao retirarem empréstimos externos, pagam agora a taxa de juros norte-americanas –3,5% ao ano, contra 1,9% antes da crise. Já o Banco do Brasil reduziu os prazos e aumentou os juros nas operações de crédito ao comércio exterior. O BB é responsável por captar recursos no exterior para financiar exportadores brasileiros. Como a captação internacional ficou mais cara, a taxa de juros subiu cerca de dois a três pontos percentuais ao ano. O efeito da crise é que o BB já havia financiado US$ 8 bilhões para o comércio externo e anunciou planos de financiar até US$ 14 bilhões neste ano, porém, não deverá mais atingir a meta.

Outro fator que faria a crise se alastrar no Brasil seria uma forte queda no preço das commodities caso a demanda externa diminua, já que o comércio exterior do País depende muito dessas mercadorias. Essa possível queda também atingiria o mercado financeiro, já que as maiores empresas da Bolsa de Valores – Petrobrás e Vale – vendem commodities e, se o preço destas caírem, elas também perderiam ações.

No geral, um dos poucos consensos entre os economistas em meio à atual crise é que a economia brasileira deve diminuir seu ritmo de crescimento em 2009. Mesmo com todas as mudanças, o PIB brasileiro deve subir por volta de 5,5% no final de 2008 e ficar entre 3,8% e 3,5% em 2009.

fontes: BBC Brasil / O Estado de S. Paulo / G1 / Valor Econômico

Um comentário:

Letícia Flores disse...

Essa foto me deu vertigem!