O Comitê de Política Monetária (COPOM) vai se reunir novamente nos dias 09 e 10 de setembro para redefinir o curso da inflação no país. A especulação é se os dirigentes vão manter a alta taxa básica de juros ou se diminuirão. Para entender o porquê de essa decisão ser tão preocupante, é necessária uma análise sobre o tema.
A taxa de juros utilizada para controlar a inflação é o valor que o detentor do dinheiro cobra para conceder um empréstimo. O governo determina uma taxa básica – Selic – que norteia a economia brasileira e as negociações com títulos públicos registrados no Banco Central (BC).
Primeiramente, a taxa de juros é usada como forma para controle dos preços numa situação inflacionária. Quanto mais alta é a taxa, mais ela dificulta os créditos ao consumidor e ao setor de produção. Com barreiras ao financiamento de compras, a procura (demanda) por produtos à venda diminui. (Por exemplo, uma pessoa quer comprar uma geladeira, mas não consegue financiá-la porque os juros estão muito altos. Deixa, então, de comprar o produto e este começa a ficar encalhado no depósito da loja. Para vendê-la, a loja reduz o preço, fazendo a inflação cair.)
Outra função da taxa alta de juros é que ela atrai investimento especulativo. Quem investe em títulos brasileiros passa a receber juros altos. Assim, entram dólares no mercado interno brasileiro, aumentando a oferta da moeda norte-americana e mantendo a cotação dela controlada. Como os preços ao consumidor também sofrem influência do câmbio da moeda, a atração de investimentos usando juros altos também impede uma disparada da inflação.
Agora, voltando à questão central, o COPOM insiste em manter a taxa Selic alta com 1,75 ponto percentual (13% ao ano), taxa essa iniciada em abril, com a meta de controlar a inflação no país. O problema é que, apesar dessa alta, a indústria continua respondendo muito bem com elevado ritmo da produção, o que significa boas perspectivas de vendas para o fim de ano para as indústrias, e um risco para o Banco Central, que teme o ritmo da demanda, caracterizada por um aumento do consumo das famílias.
Para o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, em matéria publicada no Estado de S. Paulo, a inflação atual se deve a uma junção entre fatores do mercado doméstico e internacional. “Não só os preços das commodities estão subindo, como a demanda doméstica está aquecida. Tomamos medidas para reduzir um pouco o crescimento do País, que estava muito acelerado.”
Ocorre, então, uma situação onde o BC declara uma desaceleração na inflação no Brasil, com as commodities alimentícias, petroleiras e industriais tendo seus índices diminuídos a cada mês nas bolsas internacionais, depois de um período de alta. Porém, dados da produção industrial e de consumo das famílias continuam reforçados e aumentando, o que contraria veemente a lógica da implementação da taxa de juros alta.
Resta ver o que o Comitê decidirá na próxima semana e, então, poder traçar possíveis metas para a inflação, sempre confusa no Brasil.
fonte: O Estado de S. Paulo